04:20 A.M: Meu celular toca em um volume absurdamente alto e eu me estico para desligar o alarme de qualquer jeito. Aproveito que já estou esticada e puxo meu óculos da escrivaninha e os coloco no rosto. Posso enxergar a janela coberta por minha cortina verde que tanto amo. Nenhuma claridade transparece pelo tecido. Me levanto pestanejando e pego minhas duas mochilas e as levo rumo à sala.
05:20 A.M: O Sol está nascendo e as cores do Céu são diferentes, mas eu nem estou prestando atenção. Bolsa. Carteira. Livros. Carregador. Fone. Chaves. Eu repito mentalmente como uma louca ansiosa. Eu tenho certeza de que esqueço algo. O motorista entra na van e dá partida. Fecho meus olhos desejando que eu não enjoe dessa vez. Chega né, Clarissa!
06:20 A.M: A van para mais uma vez para a subida de um outro passageiro. Pela milésima vez abro meus olhos e percebo que faltava pouco para chegar ao meu destino. Percebo que quanto mais eu tento manter meus olhos abertos, mais eles tentam se fechar. Parece que há tijolos em cada um dos meus olhos que me forçam a me manter dormindo. Me abaixo e pego a garrafa de água na minha bolsa. A freada da van me faz quase derrubar o celular no chão.
07:20 A.M: Minha bolsa quase cai no chão e eu a coloco novamente nos meus ombros. Não sei que ideia eu tenha de colocar duas mochilas nos ombros e andar até chegar em casa. Meus pés doem e eu preciso me manter prestando atenção nas ruas já que eu preciso decorar de uma vez por todas o caminho de casa. Ao mesmo tempo, eu, V e B tentamos nos manter acordados e vivos enquanto atravessamos a Avenida.
08:20 A.M: Viro mais uma página das xérox do capítulo um de Uma História Social da Mídia e tento pela milésima vez escrever algo que preste na página em branco do Word. Nas outras abas, o Google está aberto com os resultados da pesquisa "Gutenberg" e o Youtube pausado no documentário sobre Gutenberg. Tento começar a falar desse homem que três semanas atrás era só o nome de uma editora pra mim. Vejo um objeto andar no chão ao meu lado e grito ao ver que é a 7283728947º barata encontrada nessa casa. Pego meu chinelo mais próximo e miro na coitada. Sinto muito, barata 7283728947.
09:20 A.M: O alarme do meu celular toca pela segunda vez no dia. Nem preciso abrir os olhos, apenas aperto em qualquer botão e ele me deixa em paz. Tento pegar no sono novamente, mas os barulhos da casa de cima só me fazem lembrar de que eu tenho que fazer meu almoço e que ele não vai se fazer sozinho. Levanto e vou até a geladeira procurando alguma barata pelo chão da casa. Não encontro. Abro a geladeira e percebo que o feijão ainda está no congelador. Ele nunca vai descongelar até a hora do meu almoço. Mesmo assim deixo do lado de fora.
10:20 A.M: Meus olhos tentam se fechar novamente enquanto eu leio O Duque e Eu e reflito no quanto essa resenha está (ainda está) atrasada. Tento ler mais algumas páginas e desisto. Puxo o lençol e fecho os olhos novamente.
11:20 A.M: Abro meus olhos sem me situar e demoro alguns segundos para sentir minha barriga pedindo comida. Recupero a consciência. Almoço! Comida! Faculdade! Atrasada! Corro para a cozinha e encontro uma nova barata morta na despensa. Oi, barata 7283728948! Abro a vasilha do feijão e encaro o gelo que nem poderia ser chamado de feijão. Jogo no congelador - aonde ele pertencia. Encaro a luz acesa da geladeira e me pergunto o que irei comer. Vou ao armário e puxo dois Cup Noodles. Frango ou carne de churrasco?
12:20 P.M: Sopro impaciente o miojo do meu garfo. Será que dá tempo? Eu atrasaria e M. me mataria. Coloco a garfada na boca mesmo quente e quase morro com a dor na língua. Acabo de qualquer jeito e jogo o pote no lixo. Ouço um barulho de chaves. E chegou. Ela me pergunta o que eu comi. Peço que ela veja o pote no lixo. Ela reclama comigo, pois segundo ela preciso me alimentar direito. Eu sei, E.
13:20 P.M: Tenho certeza que M vai me matar porque estou atrasada de novo. Chego na esquina da Avenida. Ela acena loucamente pra mim. Tento ler os lábios dela... Obus.. Ônibus! Saio correndo atravessando na frente dos carros nas duas vias da Avenida enquanto abro minha bolsa e procuro meu cartão do ônibus. Conseguimos. "Eu ia te deixar dessa vez, visse", M diz.
14:20 P.M: O que ela está falando afinal? Mexo minha perna com impaciência. A professora passa o slide e um lindo esquema aparece no quadro. Droga, como eu vou desenhar isso? Tento focar toda a minha atenção no que parece ser uma flor no quadro com várias setas falando sobre algo que não sei se é Moda ou Comunicação. Olho para T e vejo que ela também copia o esquema da flor. Me concentro apenas na flor em meu caderno e até procuro marcadores coloridos para pintar. Aula interessantíssima.
15:20 P.M: O miojo no meu estômago pede arrego. Olho para meu celular estrategicamente carregando no meio da aula e vejo que eu passaria mal se não ingerisse algo. Pego minha garrafa. Droga! Acabou. E F disse que não tem água em toda UFPE. Rezei para que alguém perguntasse a professora se teria intervalo.
16:20 P.M: Saboreio minha pizza de R$ 3,50 enquanto a professora tenta colocar um filme de índios ou algo assim. Pensei que ela estivesse falando de Moda. Ou foi Comunicação? Abri meu ketchup e enchi na pizza não ligando para os olhares das pessoas. Quanto tempo falta para ir embora?
17:20 P.M: "Agora é cada um por si". Um calouro que não vejo o rosto gritou. O ônibus dobra e vem em nossa direção. Posiciono o cartão em minhas mãos pronto para passar na catraca o mais rápido possível. A vem ao meu lado e elogia meu cabelo (muita gente falou que gostou do meu cabelo curto hoje). Agradeço. "Eu disse que ia mudar!", respondo. Subo no ônibus e não tem lugar para sentar. Mais uma vez fico me segurando nas coisas enquanto converso com G.
18:20 P.M: E me pergunta se ela tem O Menino do Pijama Listrado e eu respondo que não sei. Como eu vou saber? Ela está bem animada com a descoberta do Skoob. Também fiquei assim quando descobri essa rede social maravilhosa. O que eu fiz de 7:20 da manhã mesmo? Escrevo e escrevo. Calculo mentalmente o tempo que eu ainda passaria escrevendo o post. Pergunto a E se ela vai estudar até tarde hoje. Ela responde que sim. Eu também.
300 coisas sobre a qual escrever
Tu já pensou em escrever um livro? Porque olha, tu escreve muito bem! Adorei ler, mas li meio ansiosa, parecia que estava na correria contigo hahaha Quando falou em Gutenberg logo pensei na editora também x) parece que os dias na faculdade estão sendo bem corridos, e sempre me identifico com as histórias sobre correr pra pegar o ônibus, ou comer Cup Noodles (macarrão da salvação hahaha)
ResponderExcluirBeijinhos
http://tipsnconfessions.blogspot.com
HAHAHAHAHHA já sim, Raquel!! Obrigadaaaaa <33
ExcluirMinha faculdade tá uma correria só e haja miojo!!!
Beijosssss