Já faz algumas semanas que eu entrei no Youtube e vi um vídeo que eu já havia assistido na aba de Recomendados. Não era um vídeo, aliás. Era um documentário sobre a gravidez na adolescência no nosso país. Por que eu assisti? Bem, no começo do ano passado, minha professora de redação passou para a minha turma um projeto livre em que escolheríamos um tema qualquer e falaríamos sobre ele. Escolheram drogas, álcool, lixo e no meu grupo escolhemos a gravidez, mais especificamente na adolescência. Naquele momento eu realmente não imaginava o que eu ia encontrar sobre o assunto e aos 17 anos de idade, eu não fazia ideia de como seria engravidar e o que realmente acontece com quem engravida nessa idade. Logo eu me deparei com o documentário que citei anteriormente que chama-se "Meninas". Comecei a assistir por obrigação (pois precisava de suporte) e curiosidade mesmo.
O documentário gira em torno de algumas adolescentes e pré-adolescentes que por algum motivo engravidaram. O cenário escolhido para a gravação do documentário foi a favela da Rocinha no Rio de Janeiro. A produção procurou diversas meninas durante a gestação e gravaram até o momento do parto e claro: não deixaram de mostrar o cotidiano real de cada uma. Uma delas conheceu o pai do filho dela em um baile funk e disse que se apaixonou logo por ele e não foi porque "ele é bandido". Já que segundo ela, muitas meninas se interessam por esse tipo de cara só por isso. Ela o convenceu a sair do 'grupo' que ele fazia parte porque não dava pra ele continuar metido em coisas assim quando vai ser pai. Já outra menina confessa que quis o bebê. Ela tem várias irmãs e sempre foi ela quem cuidou delas quando eram pequenas e por isso quis ter o próprio bebê. A própria boneca. Outra adolescente conta a história de seu relacionamento afirmando que se separou do namorado e descobriu que estava grávida logo depois. Enquanto isso ele engravidou outra adolescente que também foi chamada para contribuir com o documentário. Essa afirmava com lágrimas que teve de desistir de seu sonho de entrar para a Marinha já que mulheres que tiveram filhos não podem entrar. O pai dos dois filhos de adolescentes diferentes afirma que ama a primeira menina e que não foi culpa dele ter engravidado outra já que ela que terminou com ele por "fofoca das colega dela".
Na primeira vez em que vi o documentário cada palavra me chocou. Cada ambiente, cada cena e cada relato das meninas e dos parentes. Muitas delas (todas) não tinham corpo nem maturidade para lidar com um bebê. Abandonaram a escola e tiveram de - não sei como - sustentar os filhos. Eu assisti o documentário mais quatro vezes. Eu confesso que sei decorado tudo que acontece nele e até mesmo as falas. E sabe o mais estranho de tudo isso? Eu não vou cansar de ver. Pode apostar que cada vez que esse documentário aparecer nos Recomendados eu vou clicar e assistir ele todo novamente como se fosse a primeira vez. Vou me chocar com cada história e com o final que eu literalmente chorei em todas as vezes que assisti. Claro que não pude deixar de levá-lo para a escola e fiz questão de mostrar algumas partes dos relatos das meninas. Minha turma assistia a cada cena sem piscar os olhos. E com isso eu acabei procurando mais documentários desse estilo e acabei encontrando um filme com a Nanda Costa. Deixo claro aqui que esse é um dos meus filmes favoritos e ainda por cima explora de um modo diferente o assunto do documentário que falei.